domingo, 24 de junho de 2012

O vento, enfim, sopra a poeira que se insistia resíduo.
No lugar, fica a marca da persistência. Mas agora somente simbologia, não mais presença.
Surge a coragem, enfim, de espanar o que antes era dificuldade.
As mãos, em paz, agora sentem-se mãos: para apagar rastros visíveis, para acenarem, libertas, apenas por uma lembrança.

quarta-feira, 23 de maio de 2012


Eu devo ter me perdido em algum lugar...
E tudo que se perde, está num lugar que não se sabe onde.
Não se sabe onde e nem como, na maioria das vezes.
E juro que tento me achar, me encontrar novamente.
Mas da mesma forma que me perdi sem perceber,
Não consigo me achar, mesmo percebendo.


E dói a consciência da não-consciência.
Dói, ainda mais, não saber o caminho de volta.
Ainda bem que existe a inércia,
Para impulsionar para frente quando não se sabe voltar para trás. 

sábado, 17 de março de 2012

À banda K2

Entre sonhos e angústias, realização
Expressividade em harmonia
Sintonia declarada, para sentir junto
Para sorrir junto, para admirar

Entre tons de rock, sensibilidade que cativa
Benevolência que rasga a alma
Para enternecer os ouvidos
Para ficarem mais atentos, mais limpos

Entre gritos de seriedade e justiça, pitadas de humor
Um soco no estômago e um sorriso no rosto
Para instigar reflexão sem perder a graça
Para musicalizar e inspirar reconhecimento. 

terça-feira, 13 de março de 2012

Embriaguez

uma dose desse teu olhar
quatro do teu sorriso
duas do teu afagar...

entre essas e outras
saideira de silêncio
pra quem suportar, mais uma de amor!

segunda-feira, 12 de março de 2012

Re-conhecer

entre conversas sobre o passado
quanta sabeDORia em tuas rugas
mãe de duas gerações
e amiga de quem quiser ser
gente, planta, bicho

tuas mãos gesticulam além do imaginável
são expressivas em sofrimento
mas muito mais em amor
a linha da vida não encontra um fim
eterniza-se em admiração e respeito

lembranças de vivências árduas 
rolam em lágrimas pelo rosto
que ainda hoje rogam por paz
que ainda hoje reclamam reconhecimento
e molham feito chuva fina

lembranças prematuras de uma juventude privilegiada
que pouco reconhece, tampouco demonstra gratidão
que ainda exige de ti muito mais do que se imagina
mas se esquece de que não é preciso muito
para suprir o pouco que realmente se necessita

quinta-feira, 8 de março de 2012

A diversidade em encanto

Passos descompassados...
Meio samba, meio bossa nova
Carregados de flores, fivelas
Por vezes coloridos, por outras, desbotados

Olhares distintos...
Alguns Capitu, outros tão precoces
Desvelam a essência
Sejam eles discretos, sejam tumultuosos

Sorrisos copiosos...
Num instante Monalisa, noutro Colombina
Lábios que ressonam
São acalento e desespero

Junta-se tudo...
Em suas mais diversas formas
Afeto puro
Feminilidade que recende. 

sábado, 3 de março de 2012

LUTO por essa causa!





Texto que escrevi ontem sobre a morte da cicloativista Juliana Dias:

Hoje, recordando minha infância, lembrei que o presente de que mais gostava era o meu velotrol. “Vrum.. vrum... vrummm”. Ah, como era gostoso pegar velocidade no quintal de casa. Mais tarde o que me divertia era a bicicleta cor-de-rosa com cestinha para flores e rodinhas para me dar segurança. Além das rodinhas, minha mãe era minha sustentação. Um anjinho que estava sempre por perto para me prote
ger, mas também para incentivar no enfrentamento do meu medo de largar as rodinhas, porque seria muito mais divertido andar livremente. E com o tempo eu consegui... a gente consegue! Nossa, daí é lindo! Você descobre que há muito mais a explorar do que o quintal da sua casa! E aprende, com suas vivências e com o mínimo de bom senso que alguém tem, que bicicleta deixa de ser brinquedo e vira meio de transporte. Você pode ir à casa do amigo, da avó, do namorado! Pode ir se exercitar porque faz bem para a saúde. Pode ir ao trabalho e ainda economiza aquela grana e, muitas vezes, tempo. Pode andar no calçadão para apreciar a paisagem. Ah, você pode tanto sob duas rodinhas!!! Você pode, além de tudo, contribuir com uma palavrinha que está na moda: a “sustentabilidade”. Mas você pode, inclusive, morrer. E, não, meu amigo, não é Deus o culpado! Nem o anjinho da guarda que estava desatento, não! O problema da humanidade é ela mesma. Alguns cheios de boas intenções, tão fortes em suas ideologias, mas fracos ainda sob duas rodas! Porque com quatro, seis ou sei lá quantas rodas, pode-se dominar o mundo! Mas com duas, meu caro, você não é nada: é um “filho da p#%@” que está se metendo onde não foi chamado. Não há espaço para a paz, para a saúde, para o exercício da paciência, para a natureza, para o reconhecimento de tudo isso. Mas há para a pressa, para a ignorância, para a intolerância, para a poluição e para o egoísmo! E o problema ainda é Deus? Aquele que não intercede ou aquele que não existe? Meus sinceros sentimentos pelo ocorrido com a ciclista que morreu atropelada hoje pela manhã. LUTO por essa causa! 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O avesso camuflado em flores

O desabafo nas entrelinhas
Sentimentos e sensações transbordantes...
Eles não se permitem...
São proibidos pela consciência que lhe resta.

As palavras deduram a inquietação
Melhor guardá-las na cabeça e no coração pulsante...
Lugares que lhes consentem vida...
Sem julgamento ou recusa.

Expulsar confusão é gerar discórdia
Desorientar-se em silêncio convém...
O medo nem sempre é covardia...
É sensatez consequente.